sábado, 18 de dezembro de 2010

Por trás da tragédia


A história que eu tenho para contar hoje me demanda um cuidado maior com as palavras, para não deixar a coisa vulgar, preconceituosa ou de qualquer maneira que não combine com uma leitura ervilhística acompanhada de boas risadas. Na verdade, é porque a história é meio tragédia (pelo menos para quem viveu). Mas, como eu adoro humor-negro...

Em uma viagem, conheci umas mulheres super bacanas que me levaram para sair. Pessoas com experiências de vida – inclusive de vida masculina – diferentes das minhas, mais velhas, algumas com filhos, umas casadas, outras divorciadas...

Eis que uma delas iniciou a noite meio cabisbaixa, apesar do clima animado no bar onde nos encontrávamos. Ela estava daquele jeito pois havia ido pra a cama com um cara com quem ia sempre para cama mas com quem não queria ir mais para a cama. Ou seja, um problema comum. Um problema muito, mas muuuuuito comum na verdade, rs.

Caipirinhas depois eu pude descobrir que havia mais caroço naquele angu. Ou muito mais caroço que angu. Ou pouco angu pra muuuito caroço! Mais à vontade, a mulher foi me confidenciando mais detalhes de sua tristeza.

O cara em questão era um garotão mais novo. Lindo de viver. Todo trabalhado na sedução. Era um colega de trabalho (nota: isso não costuma dar certo) que acabou dando o bote na jovem logo após o divórcio dela.

Mas, quais seriam os problemas nessa relação? Bom, para começar, ela queixou-se que ele era um tremendo galinhão, que só ligava para ela quando queria ir para cama e, além disso, era totalmente desafetuoso (outro problema muito comum).

Ela, carente pós-separação... Apaixonada por aquele corpo, já sustentava o relacionamento com o gatão (dá pra chamar de relacionamento? Acho que dá né?!) por um ano. Ela queria parar, mas sempre que ele ligava, ela dava o braço a torcer. E dava. (mais um problema comum [3]).

Até aí tudo bem. Fui questionando mais. Quanto mais caipirinha entrava, mais ela se sentia em um confortável divã para desabafar seus traumas adquiridos com o coleguinha gostoso e desatento.

Foi quando ela me falou que ele não gostava de beijá-la na boca. Quase assustei. Em um ano, pouquíssimas vezes - fora o primeiro encontro - foram regadas a beijos de verdade. Mas era ele quem sempre a procurava. Nesse momento não soube o que falar. Pensei bem. As amigas todas se olhavam e comentavam que nunca conseguiram decifrar a situação.

Perguntei sobre o sexo. Foi inevitável, afinal, não era só para isso que ele a procurava? Pois bem. Nessa hora eu assustei. Gente... Não tinha “papai-mamãe”. Não tinha “frango assado”, “69” e nem nada no estilo. Só tinha mordeção de fronha. Ele só funcionava pela entrada de serviço. Só. Sóoooooooooo! [Puta que pariu! Coitada!]

Aí eu não agüentei. “Gente, ele é GAY”. Silêncio na mesa. Mais silêncio. E um grito (adivinha de quem?). A amiguinha ficou chocada e disparou: “agora tudo se encaixa!”. É amiga, quase tudo, rs.

Ainda que tenha ligado os pontos, ela não compreendia bem, e não sabia mesmo se acreditava na hipótese. Fui fazendo outras perguntas. Todas respondidas positivamente. “Sim, ele se depila inteiro”. “Sim, ele não gosta de olhar pra mim”. “Sim, ele pega um monte de meninas e conta pra todo mundo”, “Sim, bla bla bla”.

Tive de desenhar. Ele não era um galinhão. Era um cara que não aceitava – ou não queria demonstrar – sua orientação sexual e aí saía com um monte de mulheres pra se afirmar, para poder esfregar na cara de todo mundo. Por isso ele fazia questão de contar pros colegas todas as aventuras amorosas dele. Ela era o “álibi” dele no trabalho, por exemplo. Ele devia ter uma do tipo em cada meio de convívio social.

“E o beijo?”. ‘Bom, só se você tivesse a cara áspera e um bigode... rs’. Tenho medo de ter traumatizado aquela mulher. A leitura dela sobre os fatos era deveras diferente e distante da minha. Ela ficou chocada. No fim da noite, depois de muito passeio, dois bares, tantas caipirinhas e quilos de conversas animadas, ela ainda se pegava pensativa. Olhava para mim, para as outras amigas e perguntava: “Gay?”.

Sem saber mais o que falar, na última das indagações alertei aquela mulher que era apenas uma hipótese (mas daria a unha do mindinho por ela, rs). E que, por toda a história, poderíamos ter algumas dúvidas, mas havia uma coisa que era muito certa. “Ele não gosta de você”.

Depois disso não tive mais notícias dela. (Ei, se aparecer por aqui deixa seu depoimento pra galera, rs). Meus últimos votos de adeus foram desejando boas festas, um bom beijo na boca e uma..uma...bom, vocês imaginam o que (e principal: por onde!!!).

A você, leitor e leitora, deixo uma ‘moral da história’. Da próxima vez que se envolver com alguém e se decepcionar, pense duas vezes antes de dizer: “Poxa, eu só tomo naquele lugar!”. Pense bem. Tem gente que só toma mesmo. Literalmente.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ervilha Gourmet: Filé para um filé

Eu adoro a cozinha. E espero que vocês também apreciem. Por isso, eventualmente vou postar uma receitinha gostosa pra você gostosa, ou pra você gostoso que acompanha meus posts. Claro que o tempero será diferente, com uma pitada de “ervilha”. É, também, uma mãozinha àquelas mulheres que não cozinham só porque acham que cozinhar é coisa de “Amélia” e acham isso legal (tsc tsc tsc, rs) e pros fofos que se aventuram pelo universo gastronômico (acho tão digno).

Vamos lá.

Filé ao Molho de Laranja Agridoce Com Risoto de Cogumelos


Ingredientes

- Filé Mignon (4 Medalhões)
- Uma peça inteira de filé (com dois olhos, nariz, boca, pernas, braços e que queira jantar com você)
- Laranja (200g de Doce de Laranja em Calda)
-Pimenta do Reino a Gosto
-Azeite a Gosto
-Sal a Gosto

- Cogumelo Paris (100g)
-Arroz Árbóreo (3 xícaras de café)
-Alho (5 dentes picados)
-Cebola (1 ralada)
-Vinho Branco Seco (separe 1 xícara de chá e reserve o resto da garrafa)
-Queijo Parmesão picado (100g)
-Sal a Gosto
-Uma xícara de chá de castanhas de caju
-Um punhado de salsinha

Modo de Preparo

Ligue para o filé (peça inteira) e o convide para jantar aproximadamente 24 horas antes de iniciar o preparo. Horas antes do jantar, tempere os medalhões com sal e pimenta do reino a gosto (deixe um pouco de pimenta pra mais tarde! rs).

Ligue um som bem legal. Coloque uma frigideira no fogão e, quando estiver bem quente, coloque azeite e doure os medalhões. Quando estiverem ao ponto, tire-os da frigideira e reserve-os em uma travessa.

Abra a garrafa de vinho branco seco. Reserve uma xícara. Coloque o restante da garrafa em um balde de gelo, não esquecendo de servir uma taça pra você tomar enquanto cozinha.

Coloque o doce de laranja em calda na frigideira, meia xícara (da reservada) do vinho
branco seco e um pouco de pimenta do reino. Reduza o molho de laranja e jogue por cima dos medalhões apetitosos que aguardam na travessa.

Na mesma frigideira ainda (cozinha inteligente é cozinha econômica, rs) coloque azeite e refogue cebola e alho. Acrescente os cogumelos e refogue mais um pouco. Escolha uma música mais animadinha e dançante.

Coloque a outra metade da xícara de vinho branco junto aos cogumelos e reduza. Beba mais uma taça de vinho e belisque as castanhas (são só pra isso, não vão na receita).

Risoto: Prepare o arroz arbóreo, refogando no começo com um pouco do molho de cogumelo. Acrescente água e deixe cozinhar. Quando estiver quase no ponto misture com o molho de cogumelos e o parmesão.

Jantar pronto! Agora, vá se aprontar também. Ligue para o convidado (a) dizendo que está tudo certo. Tome o restante da garrafa de vinho. Ah, a salsinha! Pegue o molho de salsinha e esfregue bem nas mãos e pontas dos dedos para tirar o cheiro do alho. Segundo um “fórum” realizado via Twitter, a técnica funciona, rs.

Bom apetite!

*Teremos mais Ervilha Gourmet para fazer pros amigos, amigas, pra dia, noite, família, light, afrodisíacas, românticas..enfim, deixe sua sugestão para a próxima.

sábado, 4 de dezembro de 2010

As solteiras de 26



Outra noite saí com um amigo para tomar uma cerveja. Entre um copo e outro ele me confidenciou que anda atento à idade das mulheres com quem se envolve. Tem evitado as de 26 acima. Quis saber exatamente porque e ele afirmou: “É a Crise dos 26”. Perguntei o que seria a tal crise e ele se espantou. “Uai, não sabe?”. “Não, só tenho 25”. O argumento foi deveras convincente, rs.

Ele me explicou, então, quase cientificamente, que a mulher, quando chega aos 26 anos e está solteira, começa uma espécie de contagem regressiva do limite de tempo que considera adequado para procriar, que é pelos 30 e alguma coisa. Antes, certamente - e desesperadamente - dos 40.

Ouvi atenta. Estou solteira e no próximo mês de março (ta bem aí genteeeee) faço 26. Solteira, 26, sem filhos. Será? Rs. Se bem que, com a evolução da espécie e da medicina tem rolado muito bem ter filhos depois dos 40, rs.

Ele, que tem 20 e poucos anos, anda fugindo das solteiras de 26. Segundo as definições da Crise, desenvolvidas pelo IPPS (Instituto de Pesquisas da Pegação e Solteirice) e altamente divulgadas nas rodas dos gatinhos solteiros e ávidos por diversão, a síndrome deixa a mulher altamente grudenta, carente e louca, louca por um relacionamento mais sério.

Afinal, a lógica é que se a ideia é começar a ter filhos aos 30 e poucos, aos 20 e muitos (lê-se de 26 aos 29) é a fase de selecionar/conhecer/conquistar/adequar o possível pai da criança (rs). E isso leva tempo, gente!

Então, para os jovens, lindos e rijos rapazes, as solteiras de 26 são osso duro de comer, ops, de roer. Vão querer namorar, sim. Não vão dar tudo de bandeja no começo. Vão ligar, falar sobre família...bla bla bla. Para eles, um problema, já que a crise análoga no homem deve vir pelos... sei lá, 45?!

Só sei que pelo menos o papo rendeu. Risadas e um textinho para o blog, negligenciado por mim há tempos, aliás. Além disso, fiquei pensando no assunto. Minha amiga mais próxima que passou dos 26 solteira, arrumou um paquera que em três meses já havia virado noivo. E olha que ele nem chegou perto dos 40! Espécie rara a dele, rs. Será que ela se encaixa no diagnóstico ou é mera coincidência? rs.

Ano que vem, quando chegar março, escrevo de novo, relatando se, de repente, acordei desesperada pelo matrimônio e pela maternidade. Enquanto a crise não chega, uma das possibilidades é seguir o conselho do meu amigo. “Ta com 25? Então corre, arruma um namorado agora. Porque se passar dos 26...”.

Outra possibilidade é, se passar dos 26, não procure os jovens lindos, descolados e rijos de 20 e poucos anos. Procure os homens. Quem sabe os de 45, rs...
(Enquanto isso, deixa eu aproveitar meus três meses mais com 25... rs)

domingo, 22 de agosto de 2010

A dança das cadeiras


Galanteador que era, aquele rapaz finalmente havia conseguido marcar um encontro com uma garota para quem olhava há algum tempo. Jantar marcado, expectativas rolando... A noite seria boa!

Atento a detalhes, ele gostava de surpreender o público feminino com algumas atitudes delicadas, não porque as mulheres reclamam que os homens de hoje já não são delicados e atenciosos como os “de antigamente”, mas porque ele era assim, quase despretensiosamente (quase! rs).

Dispensando carona, a moça preferiu encontrá-lo no local marcado, um charmoso restaurante. Pontuais, os dois chegaram quase juntos e assim adentraram o recinto.

Mesa livre avistada, lá foram eles. Lugar cheio, lugares disputados. A jovem logo se direcionou à cadeira que lhe parecia melhor para sentar. O rapaz, mais que rápido ao ver a agilidade da acompanhante, adiantou-se pelo lado oposto e puxou a cadeira.

Ela, com os olhos arregalados, antes de pensar em mais nada também colocou suas mãos sob o encosto do assento. Fitou-o e disparou: “Eu quero sentar aqui!”. Nos balõezinhos imaginários brilhavam, em caixa alta “Essa cadeira é minha!”.

O rapaz não conseguiu falar nada, com vergonha que estava. Apenas retirou suas mãos da cadeira, sentou-se naquela que era “a sua” e chamou o garçom. Ele ficou bem frustrado. Ainda mais quando pediu uma Coca-Cola e só havia Pepsi (rs.). A noite não seria tão boa quanto prometia.

A menina olhava-o e pensava “garotinho abusado!”. Talvez ela já tivesse passado nas mãos de um engraçadinho daqueles que puxa a cadeira para você quase cair (ou cair mesmo), ou ainda daqueles que te pregam peças tipo acelerar o carro quando você vai entrar. Enfim, alguns desses tipos que confunde ser engraçado com ser patético.

Em outros pensamentos ela achava que era pura falta de educação mesmo. “Onde já se viu, nem me deixa escolher primeiro onde eu vou sentar”. E então, com receio disso, ela terminou seu jantar indigesto pensando que seria o primeiro e último encontro com o “abusadinho”.

Já ele, com sua Pepsi em mãos, não pensou em muita coisa. Ele só queria ser o tipo romântico e puxar a cadeira para a garota se sentar. Mas foi a última vez, até então, que tentou isso. Hoje em dia ele até pensa, mas acaba tomado pelo receio. Deixa a mulher que está com ele escolher onde quer sentar, senta-se em seguida e chama o garçom.

sábado, 12 de junho de 2010

Dia de Frango à Passarinho!




Desde os tempos mais longínquos, quando o ovo virou galinha – ou a galinha botou ovos – existe uma iguaria presente em qualquer boteco que se preze: o Frango à Passarinho! A especial pérola gastronômica, que consiste em pequenos pedaços da ave bem fritinhos em óleo muito quente, só é bem apreciada quando degustada da maneira correta: com as mãos! E não é só isso: tem que se lambuzar. É igual a chupar manga. Quer comer bonitinho, então escolhe um peito grelhado, rs.

Baseada nesta incrível observação sobre os hábitos culturais relacionados ao Frango à Passarinho, também foi possível observar que muitas mulheres sofrem de uma grave patologia quando se expõem ao prato em lugares públicos. É a “Síndrome da Franguinha Recatada”.

Os sintomas consistem em suar frio quando se sente o cheiro do Frango, desejar, estender a mão para pegar e acabar desviando para qualquer coisa que estiver ao lado (por isso você vê coisas como uma jovem com um saleiro na mão, nervosa, e que acaba comendo ali uma boa quantidade de sal. Mas esta já é a Síndrome da Vaca Desviada, outra coisa).

Então, a Síndrome da Franguinha Recatada não deixa que o Frango à Passarinho seja comido. Após longa pesquisa realizada com exemplares da espécie feminina que passam por esse mal em bares e botecos badaladíssimos, foi possível chegar à conclusão que a vergonha é uma das grandes catalisadoras da Síndrome.

Imaginem a cena: uma mulher chega linda, gostosa, vitaminada (essa veio de longe, rs) a um bar. Os gatinhos logo olham, paqueram. Ela senta, cruza as pernas. Faz o tipinho que mexe no cabelo, cheia de charme. Retoca o gloss. Dá uma gargalhada sonora, segura de si.

Os pretensos paqueras perdem a moça de vista por alguns minutos, virando-se para o lado para comentar algo com os amigos, ou para tomar uma tulipa de chopp e, quando se voltam para aquela bela mulher, ela está atracada com uma coxa de frango entre os dentes. Tem óleo acumulado nos cantos da boca, prestes a escorrer. Morde um pedaço e, quando puxa, fica aquele pedacinho de pele de frango pra fora, que acaba sendo chupado como spaghetti em seguida. As belas unhas bem pintadas ficam com gordura embaixo, bem como boa parte dos dedos. Quando a “devoradora de frango” sorri, tem pedaços de comida entre os dentes.

Após as sucessivas cenas, alguns paqueras desenvolvem a “Síndrome do Pinto Murcho”, outro mal relacionado ao Frango à Passarinho. E não há álcool em gel nem sabonete de bar, nem trident que irá ajudar a curar essa síndrome. As cenas são fortes.

É por tudo isso que recomendo que, se você está indo a um bar com o objetivo de paquerar, não coma Frango à Passarinho! Passe vontade. Peça pra sua vó fazer em casa depois. Liga no Fry Chicken de madrugada, whatever.

No entanto, a você solteira, venho dizer que existe um dia do ano em que você não precisa se preocupar com nenhuma das síndromes causadas por aqueles gostosinhos, bem fritinhos, salgadinhos e oleosinhos quitutes! E esse dia é hoje, Dia dos Namorados.

Aproveite a noite. Junte as suas amigas, vá para aquele barzinho aconchegante, bacana. Com certeza lá só terá casais, exceto por sua mesa. Ninguém vai olhar pra sua cara. Todo mundo vai estar tomado pelo amor e paixão. Peça muito Frango à Passarinho, ataque tudo, sem pudor, com segurança e sem síndromes. Roa até o ossinho. É libertador. O melhor programa para solteiras no Dia dos Namorados!
*Atualizada em 13 de junho com a foto do meu programa de sábado à noite..rs.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Dieta do Amor



Certa vez espantei-me ao reencontrar uma amiga que não via há alguns dias, apenas poucas semanas, nem mesmo um mês. Rosto chupado, ossos dos ombros e colos despontados, braços bem mais finos, enfim... tudo que quase toda mulher que ser, bem mais magra do que é, rs. Antes de perguntar o motivo da ‘mágica’ logo imaginei que havia se rendido a uma dessas dietas da moda. Da sopa, talvez. Do chá, do carboidrato, da proteína, do suco, da lua, do sol, de marte, plutão, de South Beach e whatever, vieram tantos nomes à mente que eu logo fiquei confusa. E olha que eu nem faço dieta.

Enfim, resolvi perguntar o que reduzira tanto seu manequim. E, com as respostas e explicações colocadas à mesa, tive uma ideia genial, baseada nas declarações que eu acabara de ouvir: divulgar a receita de uma nova dieta, aquela que havia deixado aquela moça com a cintura tão mais delgada. A Dieta do Amor!

A receita é bem simples: primeiro, arrume um namorado. Mas, escolha bem, não pode ser um ótimo namorado, tem que ser um que te dê muito trabalho e dor de cabeça. Em seguida, fomente brigas, grite, esbraveje, leve a sério todas as coisas que ele te disser nos momentos de raiva. Fique remoendo isso bem devagar, mastigue pelo menos 30 vezes, mas... não engula! Continue mastigando, mastigando, ruminando!

Mantendo seu sistema digestivo bem ocupado, você jamais irá se interessar por aquele cheesecake de framboesa maravilhoso que você sempre amou. Nos dias seguintes, fique bastante ansiosa e deixe o orgulho te dominar. Isso vai diminuir consideravelmente seu apetite. Almoço e janta irão passar loooonge, você nem vai lembrar deles. Seu coração vai acelerar, juntamente com seu metabolismo. Exercício, exercício!

O próximo passo é rápido: correr. Corra atrás dele, corra! E aí, quando você levar um pé na bunda, a dieta está quase completando seu ciclo. É a parte da desintoxicação, eliminando todas as toxinas do seu corpo por meio de um líquido chamado lágrima.

Coloque tudo para fora, como se o mundo fosse acabar ao amanhecer. Depois disso, você ainda vai demorar um tempo para conseguir ter apetite. Pronto! Aí é só sair de casa, encontrar uma amiga que vai te olhar e perguntar “nossa, que dieta você fez? Me ensina!”.

Para facilitar, elaborei, baseada em sérias pesquisas, uma tabela de quanto você pode perder em cada situação. Lembrando que é aconselhável o acompanhamento do seu terapeuta para um melhor resultado. Ou do seu psiquiatra se você precisar de um tarja preta. Acompanhamento profissional é sempre válido. Vamos lá:

Dieta do Amor


Namorado ciumento e possessivo ------------------- 1 kg por semana

Namorado misterioso que some por dois dias ----- 1kg em dois dias + ansiedade

Namorado que some por dois dias e aparece como se nada tivesse acontecido ---- 1kg em dois dias + ansiedade + perda de apetite por uma semana

Namorado que trai --------------- 3 Kg a cada chifre + gastrite nervosa

Namorado briguento, chato, ciumento e que diz que a louca da história é você --------- 2 Kg por semana + 1kg por briga + neurose e surto psicótico

Namorado que te um dá pé na bunda ------ 5 kg por semana + desintoxicação completa + um mês com apetite de zero a moderado (essa é a que mais deixa a barriga sequinha. Porém, recomendo acompanhamento médico e um bom corretivo para a área dos olhos)


Obs: Não é aconselhável o uso abusivo da Dieta do Amor. Para resultados duradouros, recomendamos procurar um especialista para fazer uma Reeducação Emocional.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A incrível história da mulher que queria emagrecer e acabou emagrecendo a irmã


Era uma vez duas irmãs que ainda estavam aprendendo a morar juntas e sozinhas. Como todas as boas irmãs e mulheres, elas se amavam e se pegavam também, afinal, briguinhas entre irmãos é uma coisa que não pode faltar nos contos modernos. Aliás, pensando bem... as irmãs da Cinderela até que brigavam bastante. Então, briga de irmãos é uma coisa que não pode faltar em história alguma.

Bom, voltando ao assunto, as irmãs compartilhavam uma característica quase genética: a síndrome do espelho distorcido (não só do provador [vide post anterior], mas de casa também). Apesar de serem lindas, gostosas e atraentes, elas sempre achavam que estavam acima do peso, e viviam brigando com a balança.

Uma das irmãs, a mais velha, tinha mais força de vontade contra o reflexo que lhe desagradava, e em um belo dia de sol começou a pensar diferente e agir diferente. Foi ao supermercado, comprou pão integral com mil grãos, leite hiper-desnatado, queijinho branco-quase-transparente, iogurte com -10 de gordura, frutas, peitinho de peru light... God, quanta coisa saudável, magra, colorida... Sentiu-se bem com isso. A geladeira ficou cheia de saúde, até começou a economizar energia. [Que bom, porque a conta do mercado ficou bem maior].

Enquanto isso, a irmã mais nova continuava fazendo seus lanchinhos noturnos com pão francês, presunto, mortadela, queijo prato, manteiga aviação, hambúrguer... Alface, nem pra enfeitar! Só que em um outro belo dia (a vida é cheio de belos dias) a irmã mais velha começou a sair muito para jantar. Vida social ativa, sabe como é. Bem empregada, dinheiro no bolso (espero que também saiba como é).

Do outro lado, a mais nova, cabisbaixa em casa, desempregada, contando moedas. Sem muito dinheiro para comprar seus quitutes, ela esperava a irmã sair de casa e corria para a geladeira, faminta. Ela devorava o que via. Ou seja: queijo branco, pãozinho integral, peitinho light, até alface, vejam só...

Até que em algum momento, a irmã mais nova finalmente descobriu que comida saudável também alimenta, sacia e é gostosa. Ela aprendeu a comer, tcha nam! Enquanto isso, a irmã mais velha ficou cansada de não encontrar suas fibras e alimentos magros em casa. Estava farta de comprar tudo aquilo e não achar mais na geladeira quando queria.

A vingança é um prato que se come frio – e com gordura. Ela, num súbito instinto de defesa, começou a comer as comidas da irmã mais nova, para dar-lhe uma lição, mostrar-lhe como era a sensação de desejar, comprar e... não encontrar uma migalha inteira para comer.

Caiu no pão francês, na mortadela, na manteiguinha aviação da irmãzinha... Integral?! Só o leite, com muito toddy.

E esse é o fim da história, “A Incrível História da Mulher que Queria Emagrecer e Acabou Emagrecendo a Irmã”.
É uma história que não tem moral. Tem só uns quilinhos a menos. E outros a mais.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A maldição do espelho de provador




Definitivamente, muitas lojas de roupas femininas não sabem a grande e diretamente proporcional relação entre qualidade dos provadores vs. quantidade de vendas. Existe coisa mais broxante do que aqueles provadores com mil espelhos e uma luz branca azulada, fortíssima, digna de mesas de cirurgias? [sim, claro que existem coisas bem mais broxantes, mas não é o caso]. E, uma vez que a mulher tem acesso a essas cápsulas da maldade e inimigas da auto-estima, aquela luz forte e brilhante vai causar um delírio... o delírio da cirurgia plástica, da lipo, do silicone.

Por diversas vezes me encontrei amaldiçoando tais provadores e espelhos. E, em muitas outras, ouvi relatos de amigas. Quantas roupas lindas que ficaram para trás! Quantas blusas maravilhosas nas araras e desastrosas diante daquelas máquinas de pavor!

É que quando você sai de casa, veste uma roupa e se olha no espelho do seu quarto, tudo está bem. Ou mais ou menos bem. Daí, você sai para fazer umas comprinhas. Enche uma sacola de roupas, pega uma filinha e entra em um provador bem apertado e iluminado, com espelho para todo lado, quase uma câmara de bronzeamento artificial, só que geralmente tem um ar-condicionado.

Ok. Passo seguinte: você tira toda sua roupa para provar as lindas peças que te deixaram empolgada. Aí a merda está feita. Você olha para a direita, vê seu corpo quinhentas vezes em reflexos distorcidos. Olha para a esquerda, consegue enxergar a mais discreta das estrias láaaa naquele último reflexo. A pálpebra treme. A boca seca.

Vira para trás e não vê um bumbum cheio de celulite. Vê um conjunto de bumbuns lunares, cheios de crateras como se visse a lua com uma lupa. Olha para frente, desesperada, e vê que uma espinha nova nasceu no seu rosto. E uma pinta no seu colo.

“Meu Deus, sou a mulher monga!” é o que muitas pensam, diante da ilusão dos espelhos. Cada detalhe vira um chamariz sob aquela luz. Um espetáculo de circo. E, como se não bastasse, ainda há repetitivos reflexos, e reflexos, e mais reflexos da mesma coisa. É desesperador. Toda roupa que veste, não dá certo. É mais cruel que a nova televisão digital. Mostra tudo mesmo!

Aí, de dez peças que você teria certeza que levaria para casa, acaba levando duas. As mais comportadas, que uma vez vestidas não deixam muitos vestígios. Vai batendo uma tristeza, uma claustrofobia, o rosto esquenta [não falei que parecia uma câmara de bronzeamento?!] e você, se olha naqueles tantos reflexos deturpados, e faz uma pergunta aprendida desde a infância, mas em uma nova versão: “Espelho, espelho meu, existe um bumbum mais caído do que o meu?”.

Nessa hora você já começa a vestir a própria roupa. Junta tudo. Embola na mão o que não deu certo e talvez compre umas coisinhas. De volta ao espaço comum da loja, agradece a vendedora. Olha para sua amiga que está te esperando e vão embora. Quando cruza a porta, sua amiga pergunta por que não levou nada ou quase nada. “Vou guardar o dinheiro pra pagar uma academia...”, diz, você, com um sorriso amarelo e esperança de dias melhores.


Obs: Você amiga lojista, que tal investir de maneira diferente em provadores e aumentar sua lucratividade? Coloque um espelho daqueles que emagrece, uma luz que não seja de mesa de cirurgia [um tom mais amarelado cai bem, é confortável e esconde imperfeições], um incenso contra “mal olhado” [hahahahaha] e uma música sensual. Pronto! Não há nada melhor que um espelho amigo.
[Claro que há. Mas isso também não vem ao caso...]