terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A Estria e o Divórcio





Certa vez uma amiga me disse, inconformada com suas estrias: “Amiga! Deus me livre dessas estrias! Tenho que fazer um tratamento. Você acha que quando eu me casar meu marido vai ficar anos agüentando olhar pra essa bunda listrada? Ainda mais se começar a ficar caída! Ele vai é procurar outra!” Outra, no caso, significa bunda. Que, inevitavelmente, vem acompanhada de uma mulher, claro, rs.


Sabe o que eu respondi? “Amiga, claro que ele vai procurar outra”. Ela até achou estranho eu concordar. Mas segui explicando. Vai chegar um momento que, de tão encanada com suas estrias, você só vai querer tirar a roupa perto do seu marido se for embaixo do edredom e de luzes apagadas. Isso significa sexo morno, à lá papai-e-mamãe xôxo. De quatro? Nem pensar! Isso ressaltaria as estrias. Jamais, never, no way!


Você vai começar a perder o tesão, vai regrar o número de transas e vai ficar com a auto-estima láaaa embaixo. Baixa auto-estima. Ou “baixa-estima” como alguns preferem, rs. Aí, nessa situação, nem só o sexo vai ficar esquisito. Carente, sentindo falta de tesão e do olhar grande [e tudo grande] do seu marido, você vai ficar fantasiosa e ciumenta. Vai pegar no pé, sim senhora. Vai cobrar coisas que não costumava cobrar. Vai achar que porque você não deu pra ele ontem, e ele disse que ia trabalhar até mais tarde hoje, que ele estaria sim é pegando a secretária, ou a vizinha que olhou você de maneira esquisita no elevador semana passada, ou uma puta, quem sabe alguém que ele acabou de conhecer... Ou até, gente, aquela colega ruiva! Nossa, certeza que é a ruiva, certeza!


Sem sexo, sem estima, com carência, ciumenta e cheia de fantasia, você vai ficar um porre meu bem! Um porreeeeeeee! Ui, purgantinho! Nem à praia ou piscina você vai querer ir (só se comprar aquele creme ótimo que maquia as estrias e é à prova d’água).


Com todo esse quadro, o cara, o maridão, vai brochar mesmo, em todos os sentidos. Vai querer sair para beber com os amigos ao invés de ir pra casa ouvir xurumelas da mulher. Vai comentar com eles, depois de bons choppinhos: “Poxa, minha mulher está..... um saco! De uns tempos pra cá começou a ficar estranha. Esfriou na cama, me cobra demais, criou um ciúme chato pra cacete. O que será que deu nela? Não consigo entender... Aliás, vai entender cabeça de mulher, é uma loucura mesmo...”.


Mas, você em casa, vai ficar pensado o que será que ele anda comentando com os amigos. Vai raciocinar... e, quase como clarividência, vai ouvir uma voz dizendo “Poxa, minha mulher está..... uma baranga! Tem umas estrias na bunda dela..que puta que pariu! Cada estria escabrosa, está toda listrada! Quando nos casamos, era uma aqui, outra ali. Hoje tem um monte, e a bunda ainda está caindo! Não dá. Essa situação é insustentável”. Há! A única coisa que julgo pertinente neste parágrafo é a palavra “insustentável”. Caiu bem! Hahahaha “caiu”! rs.

Então, quando seu marido chegar em casa, você, apavorada com a certeza dos pensamentos dele, vai puxar briga. Discussão de relacionamento, de novo. Ele já vai estar tão cansado disso que vai querer ir embora. E vai.


No dia seguinte você vai me procurar, arrasada, descrente com o sexo masculino, mas cheia de razão: “Ta vendo amiga! Eu te falei! Eu tava certa! Homem não suporta uma bunda caída e cheia de estrias...”.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Idolatrando a Verruga Peluda




Paixão é uma coisa louca. Insana, de atirar pedra mesmo. Tem uma coisa dela que eu acho curiosa: a capacidade de idolatrar coisas não idolatráveis. Ninguém é perfeito e, por isso mesmo, ninguém precisa ouvir que é, ou achar que é. Porque perfeição, só Buda, depois de muito reencarnar! E se for pra atingir a perfeição e virar uma estátua gorda, bunduda, de costas pra porta, não quero não! Buda deveria se chamar Bunda, aí sim seria idolatrado, rs.


Enfim, o fato é esquisito, mas adoro me divertir com as coisas que ouço. Por exemplo, uma amiga se apaixonou por um manco. E eu ouvia “não é lindo o jeito manquinho dele andar? Ah! Ele manca muito fofooooooooooo!!!”. Ah, não gente! Ninguém manca fofo! Fofa, se for. Em areia fofa todo mundo manca. Ela não podia elogiar a inteligência dele? As mãos bonitas? O cabelo sedoso? Enfim, coisas elogiáveis? Mas, fala sério, passados os meses de paixão ela não entendia como conseguia ter tesão com um cara de dois níveis, apesar de ter mãos bonitas. (ta vendo? As mãos continuaram bonitas, antes, durante e depois da paixão, isso mostra que é porque são bonitas de verdade!).


Uma outra amiga tinha aversão à língua presa. Zoava, zoava... Até que um dia, foi ela quem ficou presa na língua que pareceu bem soltinha. A paixão reinou. E eu tinha que ouvir: “Ahhhh, num é lindinhu u jeitinhu qui eli fala?! Olha qui bunitinhu!” (a paixão faz as pessoas desenvolverem um vocabulário meio Emo, parecido com o MiGuXêS). Juro que ela torceu pra que se um dia eles tivessem filhos, que nascessem falando fofo. Que fofo! Hoje, depois do término, adivinha? “Ainda bem que não tivemos filhos!”.


Tem mais um, um amigo. Namorava uma burra, só faltava andar de quatro, apesar de ser a posição em que ficava na maior parte do dia. O cara conseguia achar uma gracinha os erros grotescos de português dela. Ele até começou a falar errado também, acho que pra fingir que era tudo normal.


Repito, ninguém é perfeito. Mas Idolatrar o não idolatrável é tosco e muito engraçado! Fico pensando que se eu fosse uma mosquinha, como tanto já quis ser, veria as intimidades alheias entre quatro paredes e poderia rir muito mais destas tosquices. Penso que ouviria coisas tipo: “Olha que lindinho! Pequenininho, cabeçudinho e super tortinho pra direita! Ahh!!”, ou “Olha que coisa linda essa verruga peludona sobrando aqui hein amor, que coisa maravilhosa!”.


Deve até fazer bem pra auto-estima, pra quem precisa. Mas faz um mal pra realidade.

Porque paixão sempre tem fim. E aí... você vai ficar pensando que todo mundo merece uma verrugona peluda, cruzes!

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Tal do Borogodó


Terminei o último post falando numa coisa chamada “borogodó”. Céus! O que poderia ser borogodó além de um pedaço do próprio céu temperado com lascas do inferno? Não achei no dicionário. Nem o Google tem resposta exata, o que me intriga. Lá tem sinônimos, tem teses, tem histórias. Então, é isso. Borogodó é que nem estilo: ou você tem, ou você não tem, e não se explica. E se você tem, meu bem... aproveite. Porque você é daquelas que senta, rebola e ainda bate um bolo! (parafraseando o nome de um livro).

Borogodó ta no cheiro da pele. Aquele cheiro seu, único, sem perfume, sabonete, Victoria’s Secret ou qualquer coisa. Aquele odor que faz um homem te puxar, querer prender seu cheiro em um frasco (já viram o filme ‘O Perfume’?) olhar bem no fundo do seu olho e berrar que sua pele e seu cheiro são só seus, e são um máximo, tudo de bom. (Ele não usa a expressão “tudo de bom”, claro. E se usar, desconfie!) E ele faz isso repetidas vezes, como se fosse a primeira vez. Se você não costuma passar por isso com freqüência, desculpe... Espera a próxima encarnação, pois borogodó não se compra, não se adquire, não se ensina. E vamos chamar borogodó de boró, pois já me casa o nome comprido. Além do mais, já me sinto intima e posso apelidar.

Boró também está no andar. Acho que o da Gisele Bündchen tem, porque ali rendeu uma grana boa hein. Ela tem boró, mesmo. Onde uma mulher magrela, branquela, esquelética, desbundada e desengonçada seria, por diversas vezes, a mulher mais linda no mundo, ganhando horroooores pra mostrar o corpinho andante por alguns segundos? Tem coisas que só o boró explica. (sentiram uma pontinha de inveja?!)

Ele também está na boca. Na maneira de mexê-la. De abri-la, de falar, de comer, de beijar. Tá nas mãos igualmente. Já perceberam que uma pessoa não situada ou insegura nunca sabe o que fazer com as mãos? Aí elas sobram e aparecem de maneira estranha. O boró ensina um nado sincronizado aos braços, às mãos, e naturalmente.

Mas, não existe algo que mais denuncie o boró que o olhar! Uauu! Não tem pra ninguém. Se a primeira coisa que você viu numa pessoa de boró foi o olhar, cheio de magnetismo, esquece, você nem terá muito tempo para analisar o resto. Vai achar o máximo de qualquer jeito, tudo. Porque boró é boró e não tem pra ninguém.
E mais: Boro é que nem gay: um reconhece o outro só de trocar um olhar. Quando dois borós se unem... Minha nossa! É um espetáculo, casal show, supimpa, the best.

É por tudo isso que nem sempre a loirinha escultural de cabelos alinhados e seios bem colocados chama mais a atenção. É por isso que aquela menina de nariz esquisito sempre leva a melhor, muito bem acompanhada. A feia do post anterior, não fez mandinga na Mãe Irene do CPA não... Ela tem é borogodó, minha filha!

Agora, depois do conceito boró-way-of-life, você será capaz de entender coisas do tipo: a mulherada do seu bairro se estapeando a valer por causa daquele cara que tem a nuca toda peluda, e que a geral apelidou de “Tony Arbustos”. (Ramos é pouco!)

O Boró é MARA!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As Mulheres Feias


Ah, como eu queria ser feia!


Isso ainda não virou ditado em pára-choque de caminhão porque a profissão é predominantemente masculina. Querer ser feia é uma filosofia de vida, nascida das filosofias de boteco com cerveja gelada e cigarros mentolados. Querer ser feia é um protesto, que tem até comunidade no orkut.


Esse lema foi criado entre mulheres lindas, inteligentes e bem sucedidas. Mas sem um macho do lado, sem carro do ano e usando sapatos de liquidação do outono-inverno de dois anos atrás. Sem consumo e sem homem, não dá! Então, dá-lhe querer ser feia...


Porque nessa pindaíba geral, a gente sempre vê uma baranga milionária, andando de Audi TT. Uma ‘raimunda’ comprando aquela calça massa, que você sabe que não vai ficar bem nela, ficaria em você, mas só ela tem dinheiro para comprar. Uma catrefona desfilando com aquele gatinho gente boa e cabeça no lugar, que você cobiçou (aí dizem: essa aí tem uma pérola no lugar da ervilha!).


É...quando essas coisas acontecem, a gente ouve pérolas mais engraçadas que a própria “perola”. Que foi mandinga, boca de sapo, Mãe Irene do CPA VII. Que é mérito do dinheiro. Que a culpa por ser feia é por ser burra e não saber usar bem o dinheiro (adoro essa! Rs). Que o cara só pode ser interesseiro, ou que a mulher deve ter uma bu... de mel. Que é situação passageira, passageiríssima. Que é preferível, mesmo, ser bonitinha ao invés de rica e bem acompanhada.
Ah, é tanta coisa que dizem, né?!


É tanto despeito nesse império da beleza. Mas, fala sério, o que pode ser mais interessante que a beleza? Rs.
Eu já fiz meu pedido para a próxima encarnação: quero nascer rica, ao invés de linda (parafraseei de novo alguém, mas essa eu adoro).
E aí, do outro lado da história, vou puxar assunto com a bonitinha. E mostrar que tenho peito (o que comprei e o que faz jus à metáfora).
Aí, quem sabe, ela deixe de lado as pérolas e grite: “Ah! Como eu queria ser feia!”.


(Obs: se você leu esse texto todo e viu o final feliz das feias, não vá achar que eu sou feia!!!! Sou da espécie linda, inteligente e bem sucedida, com um macho pra pegar de vez em quando e com alguns sapatos da liquidação da ponta de estoque [mas também não é no ano retrasado!] Rs. E acredito no poder das feias, ok?! Sabem por quê? Culpa do Borogodó...)

A Sociedade das Ervilhas

Mulheres, mulheres... Existe algo mais plural que uma mulher? Eu não acredito. Eu, que sou mulher, e das boas, consigo diariamente me surpreender com os desdobramentos do sexo feminino. Imaginem só os homens! As idéias de uma cabeça de mulher mudam mais rápido que a tecnologia. Têm mais volume que as cataratas de Foz do Iguaçu – e, às vezes, são tão furiosas quanto – e têm mais mistérios que o Buraco Negro do Universo. É isso. A mulher é um Buraco Negro! Se você o adentrou, meu amigo, prepare-se para surpresas!
Boas e ruins, claro.


Eu adoro observar o comportamento feminino e sua relação com as outras coisas do mundo. Os homens, sim, estão sempre em pauta. Seja moderna, seja carente, mãe, bisavó, encalhada: toda e qualquer mulher vai falar sobre os homens. E muito.

As mulheres também vão falar horrores sobre consumo, sobre trabalho, sobre família, atitudes sócio-ambientais e sobre o desastre da unha quebrada. Mas, o que elas mais irão falar, e com fome, com gana e satisfação, horas a fio, é sobre outras mulheres.

Não existe assunto mais interessante para uma mulher do que outra mulher!
É então eu criei esse blog, para destilar minhas observações sobre o mundo feminino, que é ótimo, cheio de entrelinhas, pontos, vírgulas, parênteses em demasia, chaves, colchetes e tudo que puder enfeitar a interação mulher-resto do mundo. Porque a comunicação feminina é uma perua, gente! Adora uma coisa pendurada.

O título deste blog, “Sociedade das Ervilhas” é uma analogia que fiz em certa ocasião que virou uma boa piada entre meus conhecidos. E espalhou-se entre desconhecidos também.
Não convém contar, aqui. É o tipo de história que cai bem narrada ao vivo. Mas, se você porventura ainda não entendeu, joga no Google! Ele sabe de tudo, sempre.

Mulheres, sejam bem-vindas e deixem seus comentários. Homens, comentem, divirtam-se e muito cuidado! Por que a única coisa que pode viver ao lado de um buraco negro e não cair nele, é uma ervilha!


Há! acompanhe as próximas postagens...!