domingo, 22 de agosto de 2010

A dança das cadeiras


Galanteador que era, aquele rapaz finalmente havia conseguido marcar um encontro com uma garota para quem olhava há algum tempo. Jantar marcado, expectativas rolando... A noite seria boa!

Atento a detalhes, ele gostava de surpreender o público feminino com algumas atitudes delicadas, não porque as mulheres reclamam que os homens de hoje já não são delicados e atenciosos como os “de antigamente”, mas porque ele era assim, quase despretensiosamente (quase! rs).

Dispensando carona, a moça preferiu encontrá-lo no local marcado, um charmoso restaurante. Pontuais, os dois chegaram quase juntos e assim adentraram o recinto.

Mesa livre avistada, lá foram eles. Lugar cheio, lugares disputados. A jovem logo se direcionou à cadeira que lhe parecia melhor para sentar. O rapaz, mais que rápido ao ver a agilidade da acompanhante, adiantou-se pelo lado oposto e puxou a cadeira.

Ela, com os olhos arregalados, antes de pensar em mais nada também colocou suas mãos sob o encosto do assento. Fitou-o e disparou: “Eu quero sentar aqui!”. Nos balõezinhos imaginários brilhavam, em caixa alta “Essa cadeira é minha!”.

O rapaz não conseguiu falar nada, com vergonha que estava. Apenas retirou suas mãos da cadeira, sentou-se naquela que era “a sua” e chamou o garçom. Ele ficou bem frustrado. Ainda mais quando pediu uma Coca-Cola e só havia Pepsi (rs.). A noite não seria tão boa quanto prometia.

A menina olhava-o e pensava “garotinho abusado!”. Talvez ela já tivesse passado nas mãos de um engraçadinho daqueles que puxa a cadeira para você quase cair (ou cair mesmo), ou ainda daqueles que te pregam peças tipo acelerar o carro quando você vai entrar. Enfim, alguns desses tipos que confunde ser engraçado com ser patético.

Em outros pensamentos ela achava que era pura falta de educação mesmo. “Onde já se viu, nem me deixa escolher primeiro onde eu vou sentar”. E então, com receio disso, ela terminou seu jantar indigesto pensando que seria o primeiro e último encontro com o “abusadinho”.

Já ele, com sua Pepsi em mãos, não pensou em muita coisa. Ele só queria ser o tipo romântico e puxar a cadeira para a garota se sentar. Mas foi a última vez, até então, que tentou isso. Hoje em dia ele até pensa, mas acaba tomado pelo receio. Deixa a mulher que está com ele escolher onde quer sentar, senta-se em seguida e chama o garçom.

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