sexta-feira, 19 de agosto de 2011

PQP Cinderela!


Nem sei se as crianças de hoje em dia sabem quem é - ou quem foi, rs – Cinderela. Já as mulheres da minha geração e de anteriores ainda se encantaram, quando novinhas, com a história do pezinho perfeito, sapatinho pequenino de cristal e o galante príncipe encantado (desconfio que minha fixação por sapatos possa ter vindo daí. Ok, por homens galantes também).

Mas, de conto de fadas, esse mimimi de Cinderela quase virou um conto de fodas, com o perdão da expressão, rs.

O namorado tomou a embarcação para terras longínquas e deixou a namorada com lágrimas de saudade dos olhos, ansiosa pelo retorno do amado, lindo, são e salvo.

Entre uma carta de amor e outra, ela encontrou-se com sua sogra, e foi surpreendida por uma inocente declaração: “Poxa vida, esqueci de trazer para você o sapatinho que você deixou lá em casa!”.

Ela ruborizou. Não se lembrava de sapato algum. Talvez sua face tivesse tomado uma expressão bege, acrílica ou fúcsia. Na verdade, toda sua concentração estava empenhada em lembrar se realmente houvera esquecido um sapato na casa do amado.

“Não, não esqueci sapato na sua casa, tem certeza? Como é?”, indagou à sogra que, naquele momento, estava mais para uma ex-futura-sogra, rs. “Esqueceu sim, um marrom, de lacinho”. Aí a situação ficou esquisita.

A mocinha calou-se por um bom tempo. Não por vergonha, raiva, ou qualquer coisa do tipo. Ela estava fazendo uma espécie de varredura pelos seus mais de 80 modelos de sapato, na esperança de encontrar algum sapatinho marrom de lacinho que ela houvesse levado para a casa do namorado.

Não, não encontrou. Nenhuma descrição parecida. Seu conto de fadas deu lugar, a partir daquele momento, às fábulas, historinhas fofas com animais como personagens e uma moral da história: O CACHORRO do namorado teria se encontrado com alguma VACA? A tal GALINHA teria esquecido o sapatinho de PIRANHA com ele? Qual seria a (i)moral da história? Tapa na MACACA? Peruca de TOURO?

Enfim, depois da criatividade literária, a racionalidade reinou por algum tempo, afinal, nada se poderia deduzir exatamente ainda, apenas que por algum motivo, algum sapato feminino de dona desconhecida estava perdido na casa. (Isso já é muita coisa, não é?!)

Poucas horas depois, a namorada voltou a indagar a sogra. “Como é mesmo o sapato?”. Mesma descrição. “Hum...e, diga, em que parte da casa EXATAMENTE você encontrou esse sapato?”, ao que ouviu como resposta: “No meu carro, vc deixou no meu carro”.

As coisas começaram a clarear, a namorada não havia saído no carro da sogra. E o namorado não costumava andar no carro da mãe, nem gostava, e ele tinha o dele próprio. O que seria? Mais e mais perguntas se seguiram, até que a sogra lembrou-se que havia dado carona para uma amiga na ida a um evento. O sapatinho marrom de lacinho era dela!!! A namorada havia voltado do evento naquele carro, aí a confusão. Ambas riram muito.

Todos os pensamentos voltaram à normalidade. Adeus fábulas, adeus nóias. Não havia vaca nenhuma e o cachorro voltou a ser gato. E, o principal, não teve pé na bunda, nem com sapatinho de cristal, nem com sapatinho marrom de lacinhos. Ufa.

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