domingo, 10 de abril de 2011

Magaiver do sutiã e a arte de pagar peitinho




Eu não costumo dar nome aos bois (nem às vacas) nas histórias do Sociedade das Ervilhas, mas hoje terei de revelar que a protagonista dos acontecimentos deste post sou eu, esta displicente blogueira que vos escreve.


Saí do trabalho numa segunda-feira despretensiosa, acabei indo tomar um chopp e jantar com um tio e, logo mais ao fim da noite parei num bar para encontrar uns amigos que eu não via há tempos. Não por futilidade, preciso descrever como eu estava trajada. Usava aquelas blusas fininhas e esvoaçantes, que parecem um pano jogado sobre os ombros, deixando-os à mostra vez e outra. Por baixo, um sutiã gracinha, que prendia atrás do pescoço, como um top, e entre os seios.


Ok, borboleta esvoaçante... Abracei um amigo e foi tão forte o abraço que eu ouvi um “crrreec”. Segurei o abraço. Eu perguntei “Ouviu isso?”. E ele “o que?”. “Crrreec”. “Qual o problema?”. “Acho que meu sutiã quebrou, não me solta, não me solta!”.


Era impossível usar aquela blusa sem sutiã, exceto se eu tivesse num show de horrores. Olhei pro lado e vi que estávamos protagonizando a cena exatamente no meio do bar e meia dúzia de mesas estavam olhando concentrados em nossa direção.


“Socorro, me ajudaaa!”, disse eu, com as mãos nos seios, sentindo como se eu estivesse naqueles pesadelos de menina em que você vai para a escola e lá se dá conta de que esqueceu de colocar a blusa do uniforme.


Meu amigo ficou me olhando, e eu já entendi que minha súplica havia sido esquisita. “Não, não me ajuda!”, retifiquei. Saí andando em direção ao banheiro, quando alguns espectadores gritaram “Esse é o masculino!”. Ok, tudo lindo, fui procurar o banheiro feminino.


Lá chegando, me dei conta de que não havia como arrumar aquela merda de sutiã. O fecho de acrílico erra irreparável. Não dava para amarrar, não dava para fazer nada, não dava para ser feliz! Para completar, eu tava tonta de chopp.


Comecei a revirar a bolsa enorme, na esperança de tirar um mago, um costureiro, um gênio da lâmpada, o Jaques Leclair ou minha mãe lá de dentro, mas não encontrei nada disso. O que me restava era a chave do carro.


Plim plim! Peguei um anel de metal que segurava algumas chaves, passei de um lado do sutiã, depois do outro, eliminando os restos mortais do fecho de acrílico e tcha nam! Tudo no lugar (rs). Fiquei me achando o Magaiver (ou MacGyver pra quem preferir). Se eu tivesse um chiclete junto poderia ter feito uma bomba – ou um sutiã com enchimento de silicone. (Se vc disser que isso parece fácil, imagine um banheiro apertado, sujo, com gente batendo na porta, luz fraca, sua visão comprometida pelo álcool e seu equilíbrio mental comprometido pelo pesadelo infantil).


Na mesma semana fui fazer umas comprinhas no supermercado e comecei a achar tudo muito estranho. Muita gente me olhando. Eu não estava cagada, o que podia ser? Tudo bem, eu estava bem acabada, olheira, magra, cara de insana de tanto trabalho... Mas isso não era motivo para tanto.


Uns olhavam felizes, mulheres com desdém, outros bravos. Foi o caso de um idoso. Ele me olhou nos olhos e fez uma cara muito brava, aí desviou o olhar pro meu colo.


Foi aí que eu descobri que eu estava há gôndolas e gôndolas pagando peitinho no supermercado. Um botão da camisa abriu, a bolsa puxou o tecido para o lado e estava eu lá andando livre, leve e solta. De novo veio o pesadelo da menininha na escola, ah!


Mas, no fim das contas, fechei a camisa e saí rindo entre as frutas e verduras, pois a cara do senhor havia sido tão feia para mim que eu fiquei tentando imaginar o que ele poderia ter pensado... A arte de pagar peitinho não é fácil. Um beijo Suzana Vieira!

4 comentários:

  1. Hahahaha..já presenciei cenas do tipo, porém o caso de olhares das mulheres com desdém e algumas bravas possam ser resultado de inveja, mulheres são rivais até nesse ponto..haha
    Pois, eu como homem, somente admiro.

    Suzana Vieira, Janet Jackson, Madonna e tantas outras...foram lembradas.

    Senti falta de ler seus relatos.

    Bjos linda! ;)

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  2. Hahahaha ótimo Thalita, adoro seus textos.
    Saudades de você!
    Bêjo

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  3. hahahahahaha
    Pense pelo lado positivo, rendeu uma (duas!) boa história.
    É, a arte de pagar peitinho e não perder a classe não é pra qualquer uma. Adorei suas histórias, rs.

    Beijo, Thalita ;**

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