Algumas coisas inusitadas acontecem nessa vida. Por exemplo, o curioso caso de uma amiga que trocou o filho por um edredom. Não que a criança não fosse também fofa, cheirosa e despertasse vontade de um abraço e aconchego. Ao contrário, é daquelas delícias de criança. Fofo como um edredom. Carinhoso tanto quanto uma peça da MMartan acarinha sua pele.
Mas aconteceu, numa trágica noite.
A mãe saíra de casa para curtir uma baladinha com os amigos. A vó botaria a criança para dormir. Afinal, mãe também é gente, né?! (Vó idem). Adormecido, o menino foi colocado na cama da mãe, onde gosta de passar a noite.
Lá pelas tantas, ela chegou. Cambaleante, ofegante, levemente ébria. “Levemente ébria” não. Bêbada, mesmo. (Bêbada pra caralho, pronto). Despiu-se, deitou-se na cama. Levou o braço até o menino e....
Nada. Naquele momento seu braço tocava o colchão vazio, o travesseiro abandonado. Coração na garganta. Coração na boca agora, junto com um restinho de vodka. Onde estaria? Teria fugido? Do bicho papão? Do cheiro de álcool no quarto? Mãe pensa tanta coisa absurda quando perde de vista o filho que eu jamais me atreveria a descrever os pensamentos que passavam pela cabeça dela naquela situação.
Só digo que ela correu gritando pela casa, nua e desesperada. “Socoooorrrooo, o menino, o menino, socorroooo!!!”. Mais cambaleante, mais ofegante e um pouco menos ébria. “Mamãaaaae, mamãaaaeee! Roubaram o menino, ele sumiu! Roubaram o menino!!!”.
A vó, no susto, levantou-se e veio checar a situação. Levou sua filha até o quarto para procurar debaixo da cama, dentro do banheiro, atrás dos armários, nos bolsos das calças. E ele estava bem ali, no meio da cama, dos pés à cabeça enroladinho no edredom que se aninhava outrora ao lado do corpo materno.
Ao passar o braço para o lado, nem pode ela sentir que havia passado por cima do menino, escondidinho no gostoso pedaço de pano ao lado do seu corpo. Achou que era só um aglomerado de tecido e espuma. Comeu barriga. Passou batida.
Gritos de alívio e gargalhada ao entender o que havia ocorrido. O susto lhe trouxe mais sobriedade que uma pratada de escaldado do Choppão. Voltou à cama. Agarrou o filho, cobriu-se e adormeceu, pensando em numa mais trocar o menino por um edredom. Por mais gostoso que seja.
*Atenção crianças, não tentem fazer isso em casa.
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