sábado, 18 de dezembro de 2010

Por trás da tragédia


A história que eu tenho para contar hoje me demanda um cuidado maior com as palavras, para não deixar a coisa vulgar, preconceituosa ou de qualquer maneira que não combine com uma leitura ervilhística acompanhada de boas risadas. Na verdade, é porque a história é meio tragédia (pelo menos para quem viveu). Mas, como eu adoro humor-negro...

Em uma viagem, conheci umas mulheres super bacanas que me levaram para sair. Pessoas com experiências de vida – inclusive de vida masculina – diferentes das minhas, mais velhas, algumas com filhos, umas casadas, outras divorciadas...

Eis que uma delas iniciou a noite meio cabisbaixa, apesar do clima animado no bar onde nos encontrávamos. Ela estava daquele jeito pois havia ido pra a cama com um cara com quem ia sempre para cama mas com quem não queria ir mais para a cama. Ou seja, um problema comum. Um problema muito, mas muuuuuito comum na verdade, rs.

Caipirinhas depois eu pude descobrir que havia mais caroço naquele angu. Ou muito mais caroço que angu. Ou pouco angu pra muuuito caroço! Mais à vontade, a mulher foi me confidenciando mais detalhes de sua tristeza.

O cara em questão era um garotão mais novo. Lindo de viver. Todo trabalhado na sedução. Era um colega de trabalho (nota: isso não costuma dar certo) que acabou dando o bote na jovem logo após o divórcio dela.

Mas, quais seriam os problemas nessa relação? Bom, para começar, ela queixou-se que ele era um tremendo galinhão, que só ligava para ela quando queria ir para cama e, além disso, era totalmente desafetuoso (outro problema muito comum).

Ela, carente pós-separação... Apaixonada por aquele corpo, já sustentava o relacionamento com o gatão (dá pra chamar de relacionamento? Acho que dá né?!) por um ano. Ela queria parar, mas sempre que ele ligava, ela dava o braço a torcer. E dava. (mais um problema comum [3]).

Até aí tudo bem. Fui questionando mais. Quanto mais caipirinha entrava, mais ela se sentia em um confortável divã para desabafar seus traumas adquiridos com o coleguinha gostoso e desatento.

Foi quando ela me falou que ele não gostava de beijá-la na boca. Quase assustei. Em um ano, pouquíssimas vezes - fora o primeiro encontro - foram regadas a beijos de verdade. Mas era ele quem sempre a procurava. Nesse momento não soube o que falar. Pensei bem. As amigas todas se olhavam e comentavam que nunca conseguiram decifrar a situação.

Perguntei sobre o sexo. Foi inevitável, afinal, não era só para isso que ele a procurava? Pois bem. Nessa hora eu assustei. Gente... Não tinha “papai-mamãe”. Não tinha “frango assado”, “69” e nem nada no estilo. Só tinha mordeção de fronha. Ele só funcionava pela entrada de serviço. Só. Sóoooooooooo! [Puta que pariu! Coitada!]

Aí eu não agüentei. “Gente, ele é GAY”. Silêncio na mesa. Mais silêncio. E um grito (adivinha de quem?). A amiguinha ficou chocada e disparou: “agora tudo se encaixa!”. É amiga, quase tudo, rs.

Ainda que tenha ligado os pontos, ela não compreendia bem, e não sabia mesmo se acreditava na hipótese. Fui fazendo outras perguntas. Todas respondidas positivamente. “Sim, ele se depila inteiro”. “Sim, ele não gosta de olhar pra mim”. “Sim, ele pega um monte de meninas e conta pra todo mundo”, “Sim, bla bla bla”.

Tive de desenhar. Ele não era um galinhão. Era um cara que não aceitava – ou não queria demonstrar – sua orientação sexual e aí saía com um monte de mulheres pra se afirmar, para poder esfregar na cara de todo mundo. Por isso ele fazia questão de contar pros colegas todas as aventuras amorosas dele. Ela era o “álibi” dele no trabalho, por exemplo. Ele devia ter uma do tipo em cada meio de convívio social.

“E o beijo?”. ‘Bom, só se você tivesse a cara áspera e um bigode... rs’. Tenho medo de ter traumatizado aquela mulher. A leitura dela sobre os fatos era deveras diferente e distante da minha. Ela ficou chocada. No fim da noite, depois de muito passeio, dois bares, tantas caipirinhas e quilos de conversas animadas, ela ainda se pegava pensativa. Olhava para mim, para as outras amigas e perguntava: “Gay?”.

Sem saber mais o que falar, na última das indagações alertei aquela mulher que era apenas uma hipótese (mas daria a unha do mindinho por ela, rs). E que, por toda a história, poderíamos ter algumas dúvidas, mas havia uma coisa que era muito certa. “Ele não gosta de você”.

Depois disso não tive mais notícias dela. (Ei, se aparecer por aqui deixa seu depoimento pra galera, rs). Meus últimos votos de adeus foram desejando boas festas, um bom beijo na boca e uma..uma...bom, vocês imaginam o que (e principal: por onde!!!).

A você, leitor e leitora, deixo uma ‘moral da história’. Da próxima vez que se envolver com alguém e se decepcionar, pense duas vezes antes de dizer: “Poxa, eu só tomo naquele lugar!”. Pense bem. Tem gente que só toma mesmo. Literalmente.

5 comentários:

  1. Agora sim entende-se o título! Pobre mulher...

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  2. Agora sim, tudo se em caixa: o título, a foto, a história... hahahahaha

    Thalita, só você pra encontrar uma peça dessas, viu?! rs.

    Adorei a atualização de hoje no blog, por mim você viria aqui muito mais vezes com papos ervelhísticos.

    Beijo!

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  3. Putz! ahuhauahuaha
    Gostei da história (porque nào era eu, né? hehe), foi uma boa ideia ter encontrado o blog!
    =)

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  4. Thalita, to lendo tudo!!! Muito bom!
    bjs.

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  5. Oiee, adorei seu blog, com uma pitada de humor negro realmente, UHSAHUSUH' Bom, parece um pouco feminista, UHSUHASUH' ADOREI mesmo, E sobre a coitadinha da história devemos perguntar:
    Como ela se submeteu a isso!?
    Onde ficou o valor dessa pobrezinha? UHSUAHSUH'
    Sei lá, mas isto me faz imaginar várias coisas, e me fez pensar em fazer uma postagem, aliás uma brilhante idéia tive agora. UHSUAHS'
    Logo menos mando o link para você conferir, USHAUHS' Beijos, adorei o Blog. XD

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